Como
explicar em um texto porque amo tanto esse cartoon estadunidense? Tarefa difícil,
mas vamos lá.
O
desenho foi criado e idealizado na década de 90 e seu caráter progressista é
nítido desde a primeira temporada. Bob Esponja, o personagem principal do
desenho, é um garoto sentimental, extremamente exagerado e que não raras vezes
usa roupas ditas do universo feminino. Além disso, ele é dono de um amor
incondicional por todos os personagens, até mesmo seus 'inimigos'.
Em
certo episódio, esse amor fica bem explícito quando Bob Esponja faz um enorme balão
de chocolate pro seu melhor amigo, Patrick, em comemoração ao dia dos
namorados. Sim. O amor entre dois meninos sendo retratado de forma completamente
natural.
Bob esponja e Patrick tomando sol na “praia” em Goo Lagoon
Os personagens
“invertidos”
Analisando seus
amigos, temos a Sandy, uma garota esquilo do Texas que além de ser uma inteligente
cientista, pratica Karatê e faz musculação. Ou seja, a personagem feminina do cartoon
é a mais forte e esperta do grupo. Diferentemente de grande parte dos desenhos
animados, em que as meninas são representadas como frágeis e bobas.
Sandy
minutos antes de realizar uma cirurgia em Lula Molusco.
Lula
Molusco, vizinho do Bob esponja, trabalha junto ao adorável infante amarelo no
Siri Cascudo. Sua função como caixa do estabelecimento é mecânica e tediosa.
Principalmente para ele que é um artista.
Em suas horas livres, Lula Molusco exercita suas habilidades artísticas:
ele toca clarineta, é artista plástico, professor de Artes e bailarino. Isso
mesmo. Não é difícil vê-lo vestindo macacões apertados e tiaras na cabeça durante
seus ensaios de balett clássico.
Na imagem, a pele irritada de Lula Molusco após se depilar momentos
antes de uma apresentação de ballet.
SpongeBob SquarePants
Como
é perceptível, para o biologista norte americano Stephen
Hillenburg, criador da animação para Nickelodeon, mesclar os universos
masculinos e femininos não foi nem um pouco embaraçoso. Pois, por mais
político, repleto de citações e obras de arte de importantes figuras da
história da humanidade, o desenho é voltado para o publico infantil. Diferentemente
de Séries como Ugly Americans e South Park, que são igualmente criticas porém
nitidamente feitas para jovens e adultos.
Referência
a famosa pintura “Persistência da Memória”, de Salvador Dali.
Com
isso, fico pensando o que passa na cabeça dos pequenos ao assistirem “Bob
Esponja Calça Quadrada”, já que escolas e canais televisivos estão sempre separando os aspectos da vida como “coisas de menino” e “coisas de menina”. O que será que acontece
no imaginário livre de certezas absolutas das crianças? Para mim, o desenho contribui
ao reforçar o óbvio: as singularidades existenciais. Não há - ou pelo menos não
deveria haver - regras para ser quem se é. Se um menino, assim como o Bob Esponja deseja passar batom , qual o problema?
E se
uma menina, assim, como a Sandy, gostar de esportes e artes marciais, devemos
nós proibi-la e dizer que isso “não é coisa de menina” ? Não. Aliás, a única
coisa que eu acho que nós deveríamos fazer é assistir mais a esse desenho tão
singular. Talvez a gente chegue mais perto de viver no “universo infantil”, sem
restrições inúteis nos impedindo de existir tal como somos de verdade.
por Marina Farias
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Marina é genial. 😘